Demissão silenciosa vira “moda” entre jovens trabalhadores!

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Demissão silenciosa vira “moda” entre jovens trabalhadores!

Nos últimos meses, uma nova expressão tem viralizado nas redes sociais: o chamado quiet quitting, em português demissão silenciosa.

O fenômeno tem chamado atenção tanto por seu nome peculiar quanto por sua definição que preocupa gestores e profissionais de recursos humanos de grandes, médias e pequenas empresas. 

O novo movimento levanta questões importantes sobre o excesso de trabalho e saúde mental, e chega em boa hora, visto que a síndrome de burnout passou a ser considerada doença ocupacional desde o primeiro dia do ano de 2022, após a sua inclusão na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Quer entender melhor esse conceito que ronda os corredores online e como ele se relaciona com a saúde mental dentro das organizações? Convidamos os profissionais do IBND (Instituto Brasileiro de Neurodesenvolvimento) para falar mais sobre esta nova “moda” do mercado de trabalho.

Afinal, o que é quiet quitting?

O termo quiet quitting (ou demissão silenciosa) se levada ao pé da letra pode ser bastante enganador. Afinal, não se refere a deixar o emprego ou fazer isso discretamente. 

Na realidade, o fenômeno discute a limitação do trabalho apenas àquilo que está estritamente definido na descrição do cargo, sem assumir mais deveres e tarefas do que a função estabelece, permitindo que o funcionário faça apenas o mínimo do que é esperado dele. 

Dessa forma, o funcionário cria limites próprios executando de forma bem-feita suas tarefas, mas sem deixar que o trabalho tome proporções maiores do que deveria. 

O objetivo, como você deve imaginar, é um:  evitar o sobrecarregamento ao trabalhar mais horas do que o necessário.

De onde vem esse fenômeno?

O fenômeno tomou força após viralizar nas redes sociais, principalmente entre a geração Z. Zaid Khan, engenheiro de 24 anos, foi talvez o primeiro a falar sobre esse tema em uma publicação onde define o movimento:

“Você não está desistindo do seu emprego, mas está abandonando a ideia de ir além no trabalho. Você ainda está cumprindo seus deveres, mas não está mais seguindo a mentalidade da cultura de agitação de que o trabalho deve ser sua vida. A realidade é que não é, e seu valor como pessoa não é definido pelo seu trabalho.”

O vídeo, com mais de 3 milhões de visualizações, gerou uma onda de debates e novas postagens sobre o tema. Hoje, há mais de 28 milhões de publicações sobre demissão silenciosa com relatos de diversos profissionais ao redor do mundo. 

Demissão silenciosa e saúde mental: qual a relação?

Ainda que grande parte dos gestores vejam a demissão silenciosa como algo negativo para as empresas, uma vez que seria contra-produtivo, a discussão acerca do fenômeno tem uma direta relação com a saúde mental dos profissionais. 

Para as novas gerações que adentram o mercado de trabalho, o quiet quitting foi a forma encontrada de estabelecer limites saudáveis, mantendo a qualidade do trabalho e o bem-estar. 

Este fenômeno vai em total contrapartida ao que é observado pelo menos nos últimos 30 anos, onde a cultura global aplaudia aquele profissional “workaholic” que sempre estava trabalhando, mesmo fora do horário da sua jornada de trabalho. 

E este tipo de sobrecarga, é claro, culminou em um problema sério: o burnout, doença ocupacional, que hoje afeta mais de 32% da população economicamente ativa em decorrência do excesso de trabalho. 

Mas esta síndrome não é o único perigo de uma rotina sobrecarregada. A depressão, ansiedade e estresse também podem ser consequências que impactam diretamente na capacidade e no desempenho dos profissionais.

Como os RHs podem lidar com o Quiet Quitting?

Como era de prever, muitos gestores, ao notarem que seus colaboradores estão aderindo ao quiet quitting, aumentam a vigilância sobre eles. Contudo, essa não é a solução mais eficaz, visto que é feita às custas da autonomia e da confiança da empresa no colaborador. 

Mas, então, qual a solução ideal? Ela é óbvia: definir descrições de cargos totalmente alinhadas às expectativas da empresa, exigindo do funcionário aquilo que foi estabelecido desde o princípio.

Caso as funções fujam ao “script”, o gestor deve realizar uma mudança de cargo, aumentando suas responsabilidades, sua remuneração e oferecendo uma equipe de apoio.

Ainda, é importante que líderes e gestores sejam incentivados a respeitarem os limites de trabalho do time sem que os colaboradores sofram consequências por não fazerem o que está além das suas funções. 

Agora que você já conhece esse “novo” movimento, está pronto para começar a observar se ele tem acontecido entre as equipes da sua empresa e, caso sim, tome as melhores decisões para lidar com o quiet quitting de forma saudável para todos.